Está a crescer o número de crianças que, nos países desenvolvidos, apresentam problemas de excesso de peso. E esta realidade é tão presente que é já considerada com um dos principais problemas de saúde pública.
O catedrático espanhol Vicente Martínez Vizcaíno – co-diretor do Centro de Estudos Socio-sanitários da Universidade de Castilla - la Mancha – afirma que hoje “o aumento do excesso de peso e obesidade entre crianças espanholas tem aumentado a par do aumento de comportamentos sedentários entre os mais pequenos”. Por isso, foi criado o MOVI, um programa escolar que tem por base promover a atividade física recreativa em crianças dos nove aos 11 anos, já que entendem os especialistas do país vizinho, esta é uma das ferramentas mais poderosas para incutir hábitos saudáveis em permanência.
Para além da vertente do exercício não competitivo, a iniciativa inclui ainda uma segunda fase, denominada MOVI-2, que avalia a eficácia deste tipo de intervenções na redução dos níveis de obesidade infantil, assim como os fatores de risco cardiovascular. O programa foi desenvolvido em 20 escolas na província de Cuenca com mais de 1100 crianças.
O modelo de intervenção que consistiu em 90 minutos de exercício recreativo não competitivo de intensidade moderada a vigorosa, três vezes por semana, durante dois anos letivos, mostrou um efeito positivo na redução da adiposidade e melhoria do perfil lipídico. Por outro lado, o programa MOVI 2, aumentou a prática de exercício físico para 90 minutos em dois dias letivos e 150 minutos aos sábados, alcançando um total de cinco horas e meia de atividade física vigorosa semanal, para avaliar o impacto sobre os hábitos de vida das crianças.
O exercício físico continuado pode corrigir o desequilíbrio entre a ingestão e o consumo de calorias, que podem causar o excesso de peso. Além disso, “os programas focados em promover o exercício físico, baseados em jogos no recreio ou em instalações desportivas escolares, podem melhorar vários aspetos que vão mais além da própria saúde, como a qualidade de vida, o rendimento intelectual e a qualidade do sono”, afirma Vicente Martínez Vizcaíno.
A escola é considerada como o melhor ambiente, de acordo com o programa MOVI, para implementar iniciativas que estimulem da atividade física. Além de ser o cenário perfeito para atingir uma ampla população infantil, é também um local onde se potencia uma forte relação entre as crianças e os seus pares e entre elas e os professores. Para Martinez Vizcaíno, “a avaliação da eficácia deste tipo de programas indica que estes devem ser baseados em modelos teóricos de mudança de comportamentos para que possam ter sucesso.".