O envolvimento dos pais no tratamento de adolescentes com bulimia nervosa é mais eficaz do que o tratamento individual do paciente, revela um estudo levado a cabo pela Universidade da Califórnia – São Francisco e divulgado na edição eletrónica da publicação científica “Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry”.
“Este estudo demonstra definitivamente que o envolvimento parental é imperativo para o sucesso do tratamento de adolescentes com bulimia nervosa. Isto vai contra a formação que os médicos recebem em psiquiatria que ensina que os pais são os culpados da bulimia e, portanto, devem ser excluídos do tratamento”, afirma o líder do estudo, Daniel Le Grange, em comunicado divulgado pela universidade.
A bulimia é caracterizada por episódios recorrentes de ingestão descontrolada de alimentos, denominados episódios de compulsão alimentar. Estes episódios são seguidos de comportamentos compensatórios que têm como objetivo evitar o aumento de peso, tais como a autoindução do vómito, o abuso de laxantes ou diuréticos, o jejum ou a prática intensa de exercício físico.
Dada a natureza oculta desta doença e o facto de muitos jovens com bulimia permanecerem com peso saudável, muitos doentes vivem com este problema durante vários anos até os pais conseguirem reconhecer sinais do mesmo.
O estudo em causa comparou os resultados de dois tipos de tratamento para a bulimia: terapia cognitivo-comportamental (TCC) e terapia familiar (TF). A TCC é centrada no paciente individual e é baseada no aprofundamento do conhecimento interior dos pacientes e dos pensamentos irracionais que conduzem à compulsão alimentar e à purgação. O reconhecimento e confronto com esses pensamentos irracionais irá, dessa forma, permitir a alteração do comportamento e a cura. A TF é realizada em conjunto com os pais para que estes consigam compreender a gravidade da doença e aprendam a acompanhar os seus filhos numa base diária para garantir a sua segurança e o apoio para adotarem hábitos saudáveis.
Os cientistas liderados por Le Grange contaram com a participação de 130 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e 18 anos, e com bulimia nervosa. Os participantes receberam aleatoriamente TCC e TF, num total de 18 consultas do longo de seis meses, e consultas de acompanhamento aos seis e 12 meses.
Os jovens que participaram na TF obtiveram taxa de abstinência de compulsão alimentar e purgação mais elevada do que os pacientes submetidos a TCC. No final do tratamento, a taxa de abstenção da compulsão alimentar e purgação foi de 39% nos pacientes sujeitos a TF e de 20% nos pacientes submetidos a TCC. No final do acompanhamento aos seis meses, 44% dos pacientes da TF abstinham-se de consumir alimentos compulsivamente e de adotar comportamentos compensatórios, o que compara com 25% dos pacientes em TCC. Ao fim de 12 meses de acompanhamento, a taxa de abstinência dos participantes em TF situava-se nos 49%, enquanto no caso daqueles que participaram na TCC foi de 32%.
Segundo os autores, os achados deste estudo foram bastante claros ao indicar que a TF é a melhor opção terapêutica para a bulimia nervosa, visto que não só apresenta melhores resultados e mais rapidamente, como ainda possui um impacto mais prolongado. Contudo, acrescentam os cientistas, a TCC continua ainda assim a ser uma alternativa útil nos casos em que não é possível realizar a TF.
Envolvimento de pais beneficia tratamento de jovens com bulimiaNotícias de Saúde
Terça, 06 de Outubro de 2015 | 16 Visualizações

Fonte de imagem: wireltern
O envolvimento dos pais no tratamento de adolescentes com bulimia nervosa é mais eficaz do que o tratamento individual do paciente, revela um estudo levado a cabo pela Universidade da Califórnia – São Francisco e divulgado na edição eletrónica da publicação científica “Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry”.
Autor
Alert Life Sciences
Alert Life Sciences
Referência
Estudo publicado no “Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry”
Estudo publicado no “Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry”