Investigadores do Canadá descobriram que dois genes associados à doença de Parkinson são reguladores chave do sistema imunitário, dá conta um estudo publicado na revista “Cell”.
Através de modelos de ratinhos e de células, os investigadores das universidades de Montreal e McGill, no Canadá, demonstraram que as proteínas codificadas pelos dois genes, o PINK1 e o Parkin, são necessárias para impedir que as células sejam detetadas e atacadas pelo sistema imunitário.
Quando a PINK1 e a Parkin perdem funcionalidade, como no caso de um subtipo de pacientes com Parkinson, as células apresentam pequenas porções de proteínas à superfície, conhecidas por antigénios, provenientes da mitocôndria. A presença deste antigénios à superfície ativa um tipo de células imunitárias conhecidas por linfócitos T. Estes linfócitos, que conseguem entrar no cérebro, têm a capacidade de destruir qualquer célula que apresente antigénios mitocôndrias à superfície.
A doença de Parkinson é causada pela morte de neurónios produtores de dopamina no cérebro. Um sistema imunológico hiperativo devido à presença dos genes PINK1 e Parkin disfuncionais pode explicar por que os neurónios dopaminérgicos morrem em pacientes com doença de Parkinson. Isto indica que a doença de Parkinson pode ser uma das muitas doenças autoimunes, as quais ocorrem quando o próprio sistema imunológico ataca as células saudáveis.
Agora que já se estabeleceu uma ligação entre dois genes chave envolvidos na patologia da doença de Parkinson e os mecanismos autoimunes, os investigadores, liderados por Michel Desjardins, referem que o próximo passo envolve o desenvolvimento de fármacos que limitem a apresentação de antigénios mitocondriais.
Na opinião dos investigadores estes resultados podem conduzir a melhores tratamentos para outras doenças. “Acreditamos que o nosso estudo é mudança de paradigma, porque identificámos uma nova via biológica que associa a mitocôndria a mecanismos imunes na doença de Parkinson. Isto abre a possibilidade de utilizar terapias com base na modulação do sistema imune, algo que já é feito para o tratamento de outras doenças", referiu, em comunicado de imprensa, o investigador.
Michel Desjardins acrescentou que é interessante notar que o papel desempenhado pelo PINK1 e Parkin em limitar a apresentação de antigénios mitocondriais podem não só regular um processo que tem impacto na doença de Parkinson, mas também pode afetar outras doenças autoimunes como a diabetes e lúpus, e cirrose biliar primária.
“Este estudo evidencia um mecanismo completamente novo no qual estas mutações recessivas e hereditárias podem conduzir à neurodegeneração”, concluiu Jon Stoessl da Universidade da Colômbia Britânica.
Doença de Parkinson: é uma doença autoimune?Notícias de Saúde
Quarta, 29 de Junho de 2016 | 604 Visualizações

Fonte de imagem: atibaianovo
Investigadores do Canadá descobriram que dois genes associados à doença de Parkinson são reguladores chave do sistema imunitário, dá conta um estudo publicado na revista “Cell”.
Autor
Alert Life Sciences
Alert Life Sciences
Referência
Estudo publicado na “Cell”
Estudo publicado na “Cell”