Os fragmentos de ADN tumorais em circulação podem ser utilizados para avaliação do risco de recidiva do cancro colorretal e da eficácia da quimioterapia após cirurgia, defende um estudo publicado na “Science Translational Medicine”.
Ainda é muito difícil decidir a que o método de tratamento um paciente com cancro do cólon de estadio II deve ser submetido. Atualmente são feitas avaliações através da combinação de uma série de características clínicas e patológicas, como a aparência do tumor sob o microscópio ou presença de marcadores genéticos específicos do cancro que têm significado prognóstico.
Contudo, os métodos atuais são imprecisos e, como resultado, os médicos tendem a adotar medidas preventivas. Cerca de 40% dos pacientes em estadio II do cancro do cólon são submetidos ao rigor e aos riscos da quimioterapia adjuvante, apesar de apenas uma pequena fração ter de facto uma recidiva.
Jeanne Tie, a líder do estudo, refere que o tratamento habitual inclui seis meses de quimioterapia, mas não há forma de saber se o tratamento é eficaz. Contudo, através dos recentes avanços é possível capturar e fazer um perfil dos fragmentos de ADN tumoral deixados no sangue pelas células cancerígenas após a sua morte. As mutações neste ADN tumoral em circulação (ctDNA, sigla em inglês) podem funcionar como biomarcadores cancerígenos específicos.
Para o estudo, os investigadores do Instituto Ludwing para a Investigação no Cancro, em colaboração com investigadores do Instituto Eliza Hall e Walter de Investigação Médica, na Austrália, recolheram amostras de tumores de 239 pacientes com cancro colorretal em estadio II.
Foi analisado o ADN das amostras tumorais e realizados ensaios personalizadas que tinham por alvo as mutações genéticas específicas de cada paciente. Os ensaios foram aplicados a amostras de sangue retiradas dos pacientes quatro a 10 semanas após a cirurgia para remoção dos tumores.
Os investigadores verificaram que 20 dos 230 pacientes apresentaram um teste positivo para o ctDNA, e deste grupo, 80% teve recidiva do cancro em cerca de dois anos. Dos 164 pacientes com teste negativo para o ctDNA, apenas 10% teve uma recidiva.
Peter Gibbs explica que um teste positivo para o ctDNA significa que as células cancerígenas provenientes do tumor original estejam escondidas algures no organismo.
Os investigadores também analisaram se o ctDNA poderia ser utilizado para medir o impacto dos tratamentos de quimioterapia. Seis dos pacientes com teste positivo para ctDNA após a cirurgia também foram submetidos à quimioterapia adjuvante. Após terem continuado a recolher amostras de sangue desses pacientes, os investigadores descobriram que em dois deles os resultados dos testes passaram de positivos após cirurgia para negativos após a quimioterapia.
"Para um oncologista, o aspeto provavelmente mais emocionante de um teste de rastreio ctDNA é que pode ser utilizado não apenas para determinar o risco de recidiva, mas também como um marcador em tempo real dos benefícios da quimioterapia", concluiu o investigador.
Cancro colorretal: teste prevê recidiva e eficácia da quimioterapiaNotícias de Saúde
Segunda, 11 de Julho de 2016 | 189 Visualizações

Fonte de imagem: oncoclinmanaus
Os fragmentos de ADN tumorais em circulação podem ser utilizados para avaliação do risco de recidiva do cancro colorretal e da eficácia da quimioterapia após cirurgia, defende um estudo publicado na “Science Translational Medicine”.
Autor
Alert Life Sciences
Alert Life Sciences
Referência
Estudo publicado na revista “Science Translational Medicine”
Estudo publicado na revista “Science Translational Medicine”