A toma de antipiréticos, medicamentos que diminuem a temperatura corporal se esta for superior ao normal, pode favorecer a disseminação do vírus da gripe, defende um estudo publicado nos “Proceedings of the Royal Society B”.
“Quando as pessoas ficam com gripe tomam frequentemente medicação para reduzir a febre. Ninguém gosta de se sentir mal, mas este conforto pode ter como custo a infeção dos indivíduos que as rodeiam”, revelou, em comunicado de imprensa o líder do estudo, David Earn.
O investigador da Universidade de McMaster, no Canadá, acrescentou que, “uma vez que a febre pode na realidade diminuir a carga viral presente no organismo e diminuir a possibilidade de transmissão da doença, a toma de fármacos antipiréticos pode aumentar a sua transmissão. Descobrimos que este aumento tem efeitos significativos quando escalamos ao nível da população total”.
De forma a chegarem a estas conclusões os investigadores reuniram informação de diversas fontes, incluindo furões, o melhor modelo animal para o estudo do vírus influenza, e voluntários humanos. Com o auxílio de um modelo matemático, os investigadores calcularam como a quantidade de vírus transmitida pelas pessoas que tomavam antipiréticos poderia aumentar o número de casos da gripe num ano típico ou em anos em que uma nova estirpe do vírus tinham causado uma pandemia.
O estudo apurou que a supressão da febre aumentou o número de casos anuais em aproximadamente cinco por cento, o que corresponde a mais de 100 mortes adicionais causadas pela gripe num ano típico na América do Norte.
“Estes resultados são importantes na medida em que nos podem ajudar a compreender como diminuir a propagação deste vírus de uma forma mais eficaz”, referiu um outro autor do estudo, David Price.
De acordo com este investigador, a mãe natureza tem sempre razão. A febre é um mecanismo de defesa que nos protege um dos outros. Os antipiréticos devem apenas ser administrados para retirar o desconforto e não para as pessoas saírem de casa e entrarem em contacto com outras.
“As pessoas são frequentemente aconselhadas a tomarem a este tipo de fármacos, os quais os textos médicos afirmam ser inofensivos. Esta visão tem que ser alterada, concluíram os investigadores.