Um antidepressivo habitualmente prescrito pode reduzir a produção do principal constituinte das placas amilóides características da doença de Alzheimer, dá conta um estudo publicado na revista “Science Translational Medicine”.
A beta-amilóide é uma proteína habitualmente produzida pelo cérebro. Contudo, nos pacientes com doença de Alzheimer esta proteína atinge níveis elevados, o que leva à sua agregação e acumulação em placas.
Os investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos EUA, já tinham demonstrado que a serotonina, um tipo de mensageiro cerebral, reduzia a produção das placas beta-amilóide. Foi também demonstrado que os antidepressivos eram capazes de reduzir os níveis de beta-amilóide em indivíduos saudáveis.
Uma vez que a maioria dos antidepressivos mantém a serotonina em circulação no cérebro, os investigadores propuseram-se a testar se estes eram capazes de abrandar a progressão da doença de Alzheimer.
Em 2011, a mesma equipa de investigadores já tinha testado o efeito de vários antidepressivos em ratinhos geneticamente modificados para desenvolver a doença de Alzheimer, à medida que envelheciam. Nos animais que ainda não tinham desenvolvido as placas de beta-amilóide, os antidepressivos foram capazes de reduzir, em média, a produção de proteína em 25% após 24horas da toma.
Agora neste estudo, os investigadores administraram aos ratinhos mais velhos, que tinham desenvolvido placas de beta-amilóide, um antidepressivo, o citalopram, tendo-os observado ao longo de 28 dias. Foi verificado que o antidepressivo foi capaz de impedir o crescimento das placas existentes e de reduzir a formação de novas placas em 78%.
Os investigadores também administraram uma dose única do antidepressivo a 23 indivíduos, que tinham entre 18 e 50 anos, que não estavam cognitivamente afetados ou deprimidos. As amostras do fluido cefalorraquiadiano retiradas ao longo das 24h seguintes demonstraram uma diminuição de 37% na produção de beta-amilóide.
Apesar de os investigadores terem ficado bastante entusiasmados com os resultados obtidos, referem que estes têm também riscos e efeitos secundários associados. Desta forma são necessários mais estudos para definitivamente provar que os antidepressivos ajudam a abrandar ou a parar a doença de Alzheimer nos humanos.