Os alimentos ingeridos pela mãe durante a gravidez determinam a forma como o filho conseguirá combater as infeções, dá conta um estudo publicado na revista “Nature”.
“Ao contrário do que se pensava, o que nós viemos demonstrar é que esse período de formação do sistema imunitário está absolutamente dependente dos fatores ambientais, sendo a dieta um dos mais importantes”, disse à agência Lusa o investigador Henrique Veiga Fernandes, do Instituto de Medicina Molecular (IMM).
Os investigadores portugueses concluíram que, quando as mães são sujeitas a uma dieta sem vitamina A, os seus descendentes vão ter órgãos linfoides (do sistema imunitário) muito pequenos e terão problemas ao longo da sua vida adulta a combater as infeções a que serão sujeitas (virais ou bacterianas).
“A qualidade da dieta é muito importante, em particular para um micronutriente (vitamina A) que descobrimos ser essencial para a formação das células responsáveis pela formação do sistema imunitário, enquanto estamos no ventre da mãe”, disse o investigador.
“Se há uma alteração no período intrauterino, essa alteração nunca vai ser recuperada, com consequências muito importantes na vida adulta, acrescentou.
Henrique Veiga referiu ainda que “os efeitos a longo prazo da malnutrição materna não podem ser menosprezados. A deficiência de vitamina A pode não só causar deficiências físicas, como também comprometer a eficácia das campanhas de vacinação infantil nas regiões mais pobres”.
Adicionalmente as “mulheres grávidas com comportamentos de risco apresentam mais vulnerabilidade, já que tanto o tabaco como o álcool estão associados à deficiência em vitamina A”.
Assim o investigador aconselha as mulheres grávidas a adotar uma dieta de “bom senso”, rica em vegetais e fruta: couves, cenouras, brócolos, alfaces, alperces, abóboras.