A gripe dos suínos é uma doença respiratória dos porcos causada pelo vírus Influenza e que foi identificada pela primeira vez em 1930. Estes vírus, do tipo “RNA”, pertencem a uma família – os Ortomixoviridae – composta por múltiplos géneros, que incluem, entre outros, os vírus Influenza A, B e C. Estes vírus afectam aves e mamíferos, incluindo o homem, classificando-se em múltiplas estirpes de acordo com as variações nas suas duas proteínas de superfície – as hemaglutininas (H) e neuraminidases (N). Por exemplo, o vírus identificado em 1930 era um vírus H1N1.
Como acontece com todos os vírus Influenza, o vírus da gripe suína muda constantemente, o que impede a imunidade permanente para este tipo de infecções.
Trata-se de uma infecção com grande relevo na economia da produção suína, pois condiciona uma grande morbilidade e é muito contagiosa, embora a mortalidade dos animais seja habitualmente baixa. O contágio resulta da disseminação de partículas víricas em aerossóis respiratórios ou do contacto directo ou indirecto entre animais. Pode também ser transmitida por animais infectados mas que não apresentem quaisquer sinais de doença.
Existem desde os anos 50, casos descritos de transmissão a humanos, embora posteriormente a doença só se tenha transmitido de homem para homem em condições especiais. Os porcos são também extremamente sensíveis aos vírus Influenza das aves e dos humanos, podendo mesmo existir no porco uma infecção simultânea com vírus de qualquer destas três diferentes espécies. Neste caso, o material destes diferentes vírus encontra condições favoráveis para se misturar, podendo produzir um rearranjo genético que facilite a emergência de um vírus completamente novo.
A proximidade entre aves, porcos e humanos facilita este risco, que pode ter graves consequências: a transmissão ao homem de um novo vírus para o qual este não apresenta qualquer tipo de imunidade; a possibilidade de o agente causar doença significativa e ser capaz de se transmitir de forma eficiente de homem para homem; e, finalmente, a possibilidade de condicionar uma grande disseminação geográfica, originando uma pandemia. As pandemias de gripe de 1957 e 1968 resultaram do rearranjo genético, no porco, entre genes de vírus Influenza aviário e humano.
As consequências de uma nova pandemia são sempre difíceis de prever e dependem de múltiplos factores, como a virulência do vírus, a existência de alguma imunidade residual na população, a eventual protecção cruzada por anticorpos produzidos pela vacina para a gripe sazonal e, também, as condições específicas de cada indivíduo.