A gripe A (H1N1) é uma doença respiratória, causada pelos vírus Influenza A (H1N1), que pode condicionar atingimento sistémico.
Esta nova estirpe de Influenza A (H1N1) foi identificada em Abril de 2009 e a sua rápida disseminação pelo mundo levou a Organização Mundial de Saúde a declarar, em Junho de 2009, a existência de uma pandemia global de gripe.
Este vírus, do tipo “RNA”, pertence a uma família – os Ortomixoviridae – composta por múltiplos géneros, que incluem, entre outros, os vírus Influenza A, B e C.
Estes vírus afectam aves e mamíferos, incluindo o homem, mas os vírus Influenza A e B são os únicos que causam doença humana de forma epidémica. O hemisfério Norte é mais afectado de Setembro a Maio e o hemisfério Sul de Maio a Setembro. Os vírus Influenza A classificam-se em múltiplas estirpes, de acordo com variações nas suas duas proteínas de superfície – as hemaglutininas (H) e neuraminidases (N).
Estas variações antigénicas resultam de problemas no rearranjo dos genes destes vírus durante o processo em que eles se multiplicam nos seus hospedeiros – trata-se de “mutações pontuais” ou de “recombinações genéticas” que ocorrem, assim, durante a sua replicação. São, aliás, estas variações, por serem muito frequentes, que impedem o desenvolvimento de uma imunidade eficaz e permanente.
Há evidência, desde 1977, de circulação global de vírus Influenza A (H1N1), Influenza A (H3N2) e Influenza B. Foram também identificados vírus Influenza A (H1N2) que provavelmente emergiram da recombinação genética entre as duas estirpes já referidas. O que há de novo nesta estirpe de Influenza A (H1N1), que é antigenicamente distinta dos vírus que estão em circulação desde 1977, é que ela parece derivar, em parte, de vírus Influenza A que circulam no porco, numa recombinação genética interespécies. Vírus do porco, das aves e do homem combinam-se, originando um novo vírus que é capaz de se disseminar de homem para homem.
A importância particular do porco nesta cadeia de eventos resulta da sua enorme sensibilidade aos vírus Influenza das aves e dos humanos. O porco pode abrigar, em simultâneo, uma infecção com vírus de qualquer destas três diferentes espécies. Neste contexto, o material destes diferentes vírus encontra condições favoráveis para se misturar, podendo produzir, como parece ter sido o caso, um rearranjo genético que facilitou a emergência de um vírus completamente novo. As consequências da pandemia de gripe são difíceis de antecipar, pois a sua caracterização epidemiológica está ainda em curso.
Até ao momento, o perfil de complicações é, apesar do carácter pandémico, grosseiramente semelhante ao da gripe sazonal. O impacto da pandemia irá depender de futuras recombinações que possam afectar a virulência do vírus, da importância de alguma imunidade residual na população e da eventual oportunidade e protecção conferidas pela nova vacina específica que se encontra em produção.