As doenças cardiovasculares incluem um grupo muito vasto de patologias que afectam o coração e também os grandes vasos – as artérias e veias que constituem a rede de distribuição de sangue no organismo.
Apesar desta definição genérica, a expressão é geralmente utilizada para designar as doenças especificamente relacionadas com a aterosclerose, um processo inflamatório crónico que afecta, de forma progressiva e silenciosa, a parede das artérias, promovendo a deposição de placas complexas de gordura no seu interior.
Estas placas de gordura – os ateromas – vão endurecendo, deformando e até rompendo a parede das artérias, o que condiciona um estreitamento do lúmen deste canal que compromete ou pode mesmo obstruir totalmente o fluxo de sangue com os coágulos entretanto formados. A isquemia que daí resulta faz sofrer os tecidos afectados, podendo, em última análise, levar à perda completa da sua função.
As doenças cardiovasculares representam uma importante causa de morbilidade e mortalidade, em especial nos países mais industrializados – incluindo Portugal – onde se constituem como principais causas de morte e incapacidade.
As formas mais comuns de manifestação de doença – o enfarte agudo do miocárdio (EAM) e o acidente vascular cerebral (AVC) – são acontecimentos súbitos e devastadores, um primeiro sinal tardio de uma doença grave que é então impossível prevenir. Este percurso evolutivo inicia-se em idades muito jovens, facilitada pelo efeito combinado de uma série de condições favoráveis. A intervenção precoce e o controlo destas condições permite prevenir ou retardar, de forma eficaz, o desenvolvimento da doença aterosclerótica.