Investigadores americanos descobriram que as mucinas, as proteínas que fornecem ao muco a sua espessura e elasticidade, encontram-se significativamente aumentadas nos pacientes com fibrose quística e desempenham um papel importante na falência pulmonar, revela um estudo publicado no “Journal of Clinical Investigation”.
“Os nossos achados sugerem que a diluição da concentração das mucinas no muco da fibrose cística é a chave para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes”, referiu, em comunicado de imprensa, o líder do estudo, Mehmet Kesimer.
Há muito que se sabe que a remoção deficiente do muco é a razão pela qual os pacientes com fibrose quística se debatem com infeção crónica pulmonar e inflamação. Contudo, o mecanismo envolvido nesta insuficiência ainda não era, até à data, bem conhecido.
Quando habitualmente se respira, a camada mucosa dos pulmões aprisiona os contaminantes encontrados no ar. Posteriormente as células epiteliais empurram o muco para fora dos pulmões. Nos indivíduos com fibrose quística este processo não decorre com tanta eficácia devido a alterações de um gene.
Agora neste estudo os investigadores da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, decidiram medir a quantidade de mucinas nas secreções dos pacientes com fibrose quística e num muco considerado normal.
O estudo apurou que as secreções dos pacientes com fibrose quística tinham uma quantidade de mucinas três vezes superior à encontrada nas amostras controlo. Foi também constatado que esta abundância excessiva conduzia a um aumento, de cerca de seis vezes, da pressão entre a camada mucosa e a camada ciliada.
De acordo com os investigadores, estes novos achados corroboram o modelo da fibrose quística publicado em 2012 na revista “Science”. Essencialmente, nos indivíduos com esta doença, o aumento da pressão da camada mucosa esmaga as células ciladas, não sendo removido o muco. Nestas circunstâncias, o pulmão torna-se num ambiente propício ao crescimento de bactérias, o que conduz a uma maior quantidade de mucinas, muco e posteriormente falência pulmonar.
Na opinião dos investigadores este estudo explica por que motivo as nebulizações com soro fisiológico melhoram a hidratação das vias respiratórias destes pacientes, melhorando consequentemente a remoção do muco e a função pulmonar.
"Este trabalho sugere estratégias terapêuticas para retificar o problema da remoção do muco e fornece biomarcadores que podem ajudar no desenvolvimento de novas terapias “, conclui, um dos autores do estudo, Richard C. Boucher.