Os Estados Unidos diagnosticaram ontem o primeiro caso de um doente infetado com o vírus do Ébola no país, disse um porta-voz do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças norte-americano (CDC).
Segundo a “Lusa”, o doente, um homem que viajou para a Libéria, está atualmente hospitalizado no Hospital Presbiteriano de Dallas, no Texas (sul).
«Tendo em conta os sintomas e as recentes viagens realizadas, nós internamo-lo no hospital e colocámo-lo em quarentena para determinar se ele estava infetado com o vírus do Ébola», adiantou.
A infeção foi confirmada por testes realizados pelo Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC).
A identidade ou a idade do doente e onde poderá ter sido infetado não foram divulgadas.
O doente é o primeiro a ser diagnosticado com Ébola nos Estados Unidos, embora alguns dos profissionais de saúde foram infetadas na África Ocidental e levados para o país para serem tratados, tendo conseguido recuperar.
O maior surto mundial de Ébola já infetou 6.574 pessoas em cinco países da África Ocidental e matou 3.091 pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
O Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) já avisou que não há perigo de contágio à população norte-americana.
EUA enviam mais 1.400 soldados para a Libéria para tentar travar o vírus
Os EUA vão enviar 1.400 soldados para a Libéria para ajudar a conter o vírus do Ébola, disse o Pentágono terça-feira, dia em que se conheceu o primeiro caso diagnosticado fora de África, precisamente em território norte-americano.
O anúncio do envio destes militares nas próximas semanas coincidiu no dia em que o primeiro caso de um paciente, de regresso da Libéria, foi diagnosticado em solo norte-americano.
Segundo a “Lusa”, cerca de 700 soldados da 101.ª Divisão Aerotransportada e outros tantos engenheiros militares devem ser deslocados para a capital da Libéria, Monrovia, próximo do fim de outubro, declarou à imprensa o porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby.
Estes soldados vão juntar-se a cerca de outros 200 que já estão no terreno e integram um contingente total de três mil homens que o governo dos EUA anunciou querer enviar, para ajudar a formar trabalhadores sanitários e instalar hospitais e infraestruturas.
O Presidente dos EUA, Barack Obama, tinha anunciado em setembro o projeto de enviar cerca de três mil soldados para a Libéria para fornecer apoio logístico no terreno aos trabalhadores que lutam todos os dias contra a epidemia, a mais grave desde o aparecimento do vírus em 1976.
O número de vítimas mortais já ultrapassou os três mil, cerca de metade dos 6.500 casos recenseados, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Os soldados da 101.ª Divisão Aerotransportada vão instalar um quartel-general na Libéria, dirigido pelo general Gary Volesky, que vai substituir, no final de outubro, o atual chefe da missão, o major-general Darryl Williams.
Kirby adiantou que os militares estavam na Libéria para apoiar as outras agências civis dos EUA que participam na luta contra a epidemia.
O Pentágono garantiu ainda que os seus soldados não vão ter contactos diretos com os doentes infetados pelo vírus.
As autoridades de saúde federais garantiram na terça-feira que podem impedir a propagação do vírus nos EUA.
Mais pessoas morrerão se comunidade internacional não responder - ONU
As Nações Unidas advertiram ontem que, se a comunidade internacional não combater eficazmente o vírus Ébola, morrerão mais pessoas, numa altura em que a Nigéria parece estar prestes a controlar a epidemia, avançou a “Lusa”.
O chefe da missão da ONU para a resposta de emergência ao vírus Ébola, Anthony Banbury, antecipou que «muita gente morrerá» se a comunidade internacional não adotar uma firme reação à epidemia, que já causou três mil mortos.
«O mundo tem de agir agora para parar o Ébola. Isso significa uma mobilização internacional firme, logística, médica e social. Se não o fizermos, o vírus vai continuar a alastrar e muita, muita gente morrerá», prevê o responsável.
Numa conferência de imprensa realizada no Gana, que, sem registo de casos, está convertido no centro logístico do combate à epidemia que afeta a África Ocidental, as Nações Unidas deram início a uma nova missão de resposta, que inclui a construção de centros de saúde.
Ao mesmo tempo, organizações como os Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha vão assegurar o tratamento dos doentes. O objetivo é que, no prazo de dois meses, 70 por cento dos infetados recebam tratamento e 70 por cento dos funerais sejam realizados de forma a impedir o contágio.
«É um plano muito ambicioso. Precisamos de fortes medidas de prevenção e resposta», reconheceu Banbury, assinalando o registo de cerca de quatro mil voluntários nas últimas 48 horas.
A sede da missão vai ficar baseada em Acra, capital do Gana, e acolher 250 funcionários, que se deslocarão aos países da África Ocidental mais afetados pelo vírus – Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri –, que o próprio Banbury visitará nos próximos dias.
Por outro lado, a Nigéria, onde foram confirmados 19 casos, dos quais sete resultaram em mortes, parece estar prestes a vencer o combate à epidemia, graças a uma resposta rápida e coordenada, assinalou ontem o centro de controlo e prevenção de doenças dos Estados Unidos.
Se nenhum novo caso for declarado até quinta-feira, será possível afirmar que o vírus foi controlado na Nigéria, adiantou a unidade.
O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, garantiu ontem, ao discursar perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que o país já está livre de perigo.