Investigadores franceses concluíram que a doença do fígado gordo não alcoólica, e não as condições associadas, como a diabetes e obesidade, é um fator de risco independente da aterosclerose e consequentemente da doença cardiovascular, dá conta um estudo publicado no “Journal of Hepatology”.
Os investigadores da Universidade Pierre e Marie Curie, na França, recomendam um acompanhamento rigoroso da saúde cardiovascular e das complicações metabólicas nos pacientes com doença do fígado gordo não alcoólica.
A doença do fígado gordo não alcoólica é uma condição cada vez mais comum em pacientes com obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia aterogénica e hipertensão arterial. Alguns estudos indicaram que o fígado gordo e inflamado expressa vários fatores pró-inflamatórios e pró-coagulantes, assim como genes envolvidos na aterogénese acelerada.
“Isto levantou a possibilidade de a associação entre a doença do fígado gordo não alcoólica e a mortalidade cardiovascular poder não ser simplesmente mediada por fatores de risco partilhados e comuns, mas sim pelo facto de a doença do fígado gordo contribuir independentemente para o aumento do risco”, revelou, em comunicado de imprensa, um dos autores do estudo, Vlad Ratziu.
Os investigadores, liderados por Raluca Pais, acompanharam, entre 1995 e 2012, seis mil pacientes de forma a averiguar se a doença do fígado gordo não alcoólica resulta ou é a causa da aterosclerose das artérias carótidas, os principais vasos sanguíneos no pescoço que fornecem sangue para o cérebro, pescoço e face.
Todos os pacientes foram analisados através de uma ressonância à carótida com medição da espessura da camada íntima-média e acumulação de gordura (placas) nestas artérias. Através da utilização do índice do fígado gordo, os investigadores verificaram que a esteatose (fígado gordo) estava associada à espessura íntima-média carotídea (C-IMT, sigla em inglês), uma lesão pré-aterosclerótica que prevê eventos cardiovasculares. A C-IMT aumenta proporcionalmente com o índice do fígado gordo, e esta associação foi independente dos fatores de risco cardiometabólicos tradicionais.
Em 5.671 pacientes, a esteatose previu melhor a C-IMT do que a diabetes ou dislipidemia, após os investigadores terem ajustado para a síndrome metabólica e fatores de risco cardiovascular. O acompanhamento a longo prazo de 1.872 pacientes veio confirmar que aqueles com fígado gordo eram mais propensos a desenvolver placa carotídea ao longo do tempo. A esteatose ocorreu em 12% e a placas carotídeas em 23% destes pacientes.
A C-IMT aumentou nos pacientes com esteatose, mas não naqueles sem esta condição. A esteatose previu a ocorrência de placas carotídeas independentemente da idade, sexo, diabetes tipo 2, tabagismo e outros fatores de risco cardiovascular.
O estudo concluiu que nos pacientes com síndrome metabólica em risco de eventos cardiovasculares, a doença do fígado gordo não alcoólica contribui para a aterosclerose precoce e sua progressão, independentemente dos fatores do risco cardiovasculares tradicionais.
Doença do fígado gordo não alcoólica é um fator de risco da doença cardiovascularNotícias de Saúde
Domingo, 01 de Maio de 2016 | 558 Visualizações

Fonte de imagem: blogfisiobrasil
Investigadores franceses concluíram que a doença do fígado gordo não alcoólica, e não as condições associadas, como a diabetes e obesidade, é um fator de risco independente da aterosclerose e consequentemente da doença cardiovascular, dá conta um estudo publicado no “Journal of Hepatology”.
Autor
Alert Life Sciences
Alert Life Sciences
Referência
Estudo publicado no “Journal of Hepatology”
Estudo publicado no “Journal of Hepatology”