O consumo diário de duas ou mais bebidas alcoólicas pode danificar o coração dos mais idosos, defende um estudo publicado na revista “Circulation: Cardiovascular Imaging”.
O estudo levado a cabo pelos investigadores da Escola de Medicina de Harvard, nos EUA, verificou que a severidade dos danos aumentava com o aumento do consumo de álcool. De acordo com um dos autores do estudo, Scott Solomon, estes resultados reforçam as recomendações atuais que aconselham as pessoas a beber com moderação.
De acordo com as recomendações dietéticas americanas, o consumo moderado de álcool é definido como a ingestão de uma bebida alcoólica diária para as mulheres, incluindo cerveja, vinho ou licor, e até duas bebidas alcoólicas por dia no caso dos homens.
Estudos anteriores constataram que o consumo baixo a moderado de álcool era benéfico para o coração. Contudo, este último estudo sugere que mesmo a ingestão moderada de álcool pode ter implicações negativas para o coração.
De forma a chegarem a estas conclusões, os investigadores analisaram os dados de 4.446 homens e mulheres, com uma média de 76 anos, que estavam integrados num estudo para avaliação do risco de aterosclerose em comunidades. Tendo por base o consumo de álcool reportado pelos participantes, estes foram incluídos num de quatro grupos: não consumidores, os que ingeriam menos de sete bebidas por semana, sete a 14 bebidas semanais e mais de 14 bebidas por semana. O tamanho, estrutura e função do coração de todos os participantes foram avaliados através de ecocardiogramas.
O estudo apurou que quanto mais álcool os participantes consumiam diariamente mais danos eram provocados no coração. O aumento do consumo de álcool estava associado a um alargamento do ventrículo esquerdo tanto nos homens como nas mulheres. Este efeito foi mais pronunciado nos homens que consumiam mais de 14 bebidas alcoólicas por semana.
O consumo moderado de álcool nas mulheres também foi associado a uma função cardíaca mais fraca. Verificou-se, especificamente, que as mulheres que bebiam apenas uma bebida de álcool por dia tinham uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo inferior – isto é, uma capacidade reduzida de bombear o sangue do ventrículo esquerdo – e uma maior pressão no ventrículo esquerdo. Esta associação tornou-se mais forte à medida que o consumo de álcool aumentou.
“Constatámos que o aumento do consumo de álcool está associado a pequenas alterações na estrutura e função cardíaca. Nas mulheres, o consumo moderado de álcool foi associado a uma pequena redução na função sistólica, potencialmente contribuindo para um maior risco de cardiomiopatia alcoólica, para qualquer nível de consumo de álcool”, concluíram os investigadores.